O cenário que vivenciamos, com a pandemia do COVID-19 e o consequente confinamento preventivo faz oportuna a discussão sobre aspectos correlatos ao habitar e ao espaço doméstico. Nunca na história dessa geração vivemos tanto a nossa casa, nunca observamos tanto o comportamento da nossa casa em diferentes situações: espaço de tele trabalho, home scholling, espaços de cuidado e recreação de crianças e idosos, espaço da alimentação, do consumo.
Essa imersão trouxe várias transformações no modo como nos relacionamos com a casa, individual e coletivamente, e se tornou reveladora. Percebemos que nossa casa muda ao longo do dia. Talvez não tivéssemos tempo e oportunidade para observar as transformações diárias que acontecem nas nossas casas: esquenta, esfria, clareia, escurece, traz barulho do vizinho, gera ruído interno. O mais interessante é que essas questões fazem parte da arquitetura desde sempre, mas por vezes não são percebidas ou valorizadas, em detrimento de padrões estéticos.
A casa é percebida como assunto de interesse geral e precisa ser tratada à altura de sua complexidade. Entre as reais necessidades percebidas na vivencia do espaço interno de uma casa estão as relacionadas ao conforto. E é justamente este o fio condutor da reflexão que queremos instigar.