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Nietzsche - Eterno retorno

Nietzsche - Eterno retorno
May 7, 2021 · 1h 12m 29s

Áudio extraído de videoaula no https://tinyurl.com/bhv346jv Trecho de aula online em 22/03/21. Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 32:30 : O mundo subsiste; ele não é nada...

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Áudio extraído de videoaula no canal de Amauri Ferreira no YouTube

Trecho de aula online em 22/03/21.

Citações lidas e comentadas no áudio a partir de 32:30 :

O mundo subsiste; ele não é nada que vem a ser, nada que perece. Ou, ao contrário: ele vem a ser, ele perece, mas nunca começou a vir a ser e nunca cessou de perecer – ele se mantém nos dois casos... ele vive por si mesmo: seus excrementos são seu alimento... […] Se o mundo pudesse efetivamente se solidificar, se enrijecer, chegar ao fim, se ele pudesse se transformar em nada, ou se um estado de equilíbrio pudesse ser alcançado, ou se ele tivesse uma meta qualquer, que encerrasse em si a duração, a inalterabilidade, o de-uma-vez-por-todas (em suma, dito em termos metafísicos: se o devir pudesse desaguar no ser ou no nada), então esse estado já precisaria ter sido alcançado. Mas ele não foi alcançado: de onde se segue... Essa é a nossa única certeza, uma certeza que mantemos em nossas mãos, a fim de servir como corretivo contra uma grande quantidade de hipóteses de mundo em si possíveis. Se, por exemplo, o mecanismo não pode escapar da consequência de um estado final, consequência essa retirada por Thompson [William Thomson], então o mecanismo é, com isso refutado. Se o mundo pode ser pensado como determinada grandeza de força e como determinado número de centros de força – e toda e qualquer outra representação permanece indeterminada e consequentemente inútil –, então se segue daí que ele tem de percorrer um número calculável de combinações no grande jogo de dados de sua existência. Em um tempo infinito, cada possível combinação seria algum dia alcançada; mais ainda, ela seria alcançada infinitas vezes. E como todas as combinações ainda efetivamente possíveis precisariam ter sido percorridas entre cada “combinação” e seu próximo “retorno” e como cada uma dessas combinações condiciona toda a sequência de combinações na mesma série, então estaria demonstrado, com isso, um circuito de séries absolutamente idênticas: o mundo como circuito que já se repetiu de maneira infinitamente frequente e que joga o seu jogo ao infinitum. Essa concepção não é simplesmente uma concepção mecanicista: pois, se ela o fosse, então não teria como condição um retorno infinito de casos idênticos, mas um estado final. Como o mundo não o atingiu, o mecanismo precisa ser considerado por nós uma hipótese incompleta e apenas provisória. (Fragmentos póstumos, volume VII, 14 (188), Começo do ano 1888, Forense Universitária, 1ª edição, 2012, tradução de Marco Antônio Casanova)

E sabeis sequer o que é para mim “o mundo”? Devo mostrá-lo a vós em meu espelho? Este mundo: uma monstruosidade de força, sem início, sem fim, uma firme, brônzea grandeza de força, que não se torna maior, nem menor, que não se consome, mas apenas se transmuda, inalteravelmente grande em seu todo, […] como jogo de forças e ondas de força ao mesmo tempo um e múltiplo, aqui acumulando-se e ao mesmo tempo ali minguando, um mar de forças tempestuando e ondulando em si próprias, eternamente mudando, eternamente recorrentes, com descomunais anos de retorno, com uma vazante e enchente de suas configurações, […] abençoando a si próprio como Aquilo que eternamente tem de retornar, como um vir-a-ser que não conhece nenhuma saciedade, nenhum fastio, nenhum cansaço –: esse meu mundo dionisíaco do eternamente-criar-a-si-próprio, esse mundo secreto da dupla volúpia, esse meu “para além de bem e mal”, sem alvo, se na felicidade do círculo não está um alvo, sem vontade, se um anel não tem boa vontade consigo mesmo –, quereis um nome para esse mundo? Uma solução para todos os seus enigmas? Uma luz também para nós, vós, os mais escondidos, os mais fortes, os mais intrépidos, os mais da meia-noite? – Esse mundo é a vontade de potência – e nada além disso! E também vós próprios sois essa vontade de potência – e nada além disso! (A vontade de potência, 1067, p. 449, coleção “Os pensadores: Nietzsche”, Nova Cultural, 1999, tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho).

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Livro INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE NIETZSCHE

AMAURI FERREIRA é professor, escritor e filósofo. Desde 2006 ministra cursos livres de filosofia. É autor dos livros "Simplicidade Impessoal" (2019) e "Singularidades Criadoras" (2014). É também autor de livros introdutórios sobre Spinoza, Nietzsche e Bergson. Visite: https://www.amauriferreira.com
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Author Amauri Ferreira
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