11 DEC 2016 · Nesse podcast, Isabela, Ricardo e Cícero discutem o drama histórico Danton - O processo da revolução. Ambientado na segunda metade do século XVIII, período em que a França passava pelo "Terror", momento entre a Revolução Francesa e a ascensão de Napoleão Bonaparte, no qual a sociedade francesa estava sob um governo republicano liderado pelos Jacobinos.
Assim, a equipe Modernacast discute os ideais da Revolução e o paradoxo que a França vivia no período "Terror".
REFERÊNCIA CITADA NO EPISÓDIO:
"No entanto, não poderíamos descrever a crise final do Antigo Regime unicamente em termos de contradições internas: um ataque foi desferido de fora, a partir desse terceiro estado em que convivem burguesia e grupos populares. Uma conjunção ambígua em si mesma, que leva à pergunta clássica: Revolução Francesa, revolução da miséria ou revolução da prosperidade? Podemos dizer que esse é um debate acadêmico em que Michelet e jaures respondem um ao outro através dos tempos, mas trata-se sobretudo de um exercício de estilo. Michelet, "misefabilista", não está errado ao lembrar a situação precária de grande parte dos camponeses ("Vede-o, deitado no próprio esterco, pobre Jó!"). Os trabalhadores da terra Gornaleiros, "mãos de obra" ou "braçais", como são chamados), mas também os meeiros e os pequenos agricultores a meias constituem na época a massa do chamado campesinato "consumidor" - aquele que não produz o suficiente para prover suas necessidades. Para esses camponeses, o século XVIII econômico não merece o epíteto de "glorioso" que lhe é atribuído em geral: o aumento secular dos preços agrícolas, vantajoso para os grandes arrendatários que vendem seus excedentes, pesa brutalmente sobre os camponeses. Eles não ganharam nada com o movimento do século? Numa frase concisa, E. Labrousse escreveu que eles "ganharam ao menos a vida". Se nos restringirmos ao campo demográfico, é verdade que durante o século XVIII, e sobretudo na segunda metade dele, as grandes crises ligadas à fome e à carestia dos grãos recuam e desaparecem; mas esse novo equilíbrio é precário e, nessa economia de estilo antigo, a miséria popular é
uma realidade indiscutível. Entretanto, seria artificial reduzir a participação popular na revolução, em suas formas urbanas ou rurais, a um acesso primitivo de rebelião: ela se associará a uma reivindicação burguesa que se insere indiscutivelmente na continuidade de uma prosperidade secular".
VOLVELLE, Michael. A Revolução Francesa (1789-1799). Trad. Mariana Echalar. São Paulo: Editora Unesp, 2012. p.13-14.
Musica de fundo: La Marseillaise, French National Anthem (Fr-En)