Por Monsenhor Ascânio Brandão.
A humildade é uma virtude que pertence à virtude cardeal da temperança e tem por finalidade moderar as nossas loucas aspirações de grandezas.
Humildade vem do latim "húmus", que quer dizer, terra. Humildade quer dizer o que está abatido até a terra. A virtude da humildade modera, regula as tendências da alma, que deseja se elevar acima dos limites traçados pela razão e pela graça.
É um conhecimento de si mesmo sem as ilusões do amor-próprio. Uma luz que faz o homem se conhecer e conhecer melhor a Deus.
É o desprezo de si, até o amor de Deus, assim como o orgulho é o amor de si mesmo, até o desprezo de Deus, no expressivo dizer de Santo Agostinho.
Enfim, “a humildade é a verdade”, diz Santa Teresa. É um ato da inteligência e da vontade. A inteligência, que conhece a sua miséria e pequenez, e reconhece a grandeza de Deus. A vontade que se abate e se humilha.
Pode-se então, definir a humildade, da seguinte forma: uma virtude sobrenatural que, pelo conhecimento que nos dá de nós mesmos, nos inclina a nos estimarmos em nosso justo valor e a buscarmos o abatimento e o desprezo.
Assim diz Santo Agostinho: "que eu me conheça, ó Senhor, e que eu Vos conheça! Que eu me conheça para que me despreze! Que eu Vos conheça, para que Vos ame!"
Eis aí a humildade. É, sim, a verdade pura. Para ser humilde, basta ser verdadeiro. Reconhecer e confessar nossas misérias, nosso nada. E mais ainda, aceitar esta condição miserável. Eis aí a dupla humildade de espírito e de coração.
Quando a alma, esclarecida sobre a sua condição, se vê bem pequenina e pobre, então, pode dizer ao Senhor: “Nada sou, nada tenho, nada posso. Só tenho de próprio a miséria e o pecado, o nada. Na ordem natural e sobrenatural, nada tenho e tudo recebi de Vós, Senhor”.
Quando de coração se chegou a reconhecer e na prática se chegou a viver de acordo com estes sentimentos, então temos humildade.
A humildade é absolutamente necessária para se chegar à perfeição. A essência da perfeição é o Amor Divino, a Caridade. Entretanto, como Deus não concede o seu Divino Amor aos orgulhosos, vem a ser a humildade o fundamento, o alicerce e a condição essencial de toda perfeição cristã.
E é neste sentido que dizem os Santos Padres ser a humildade a essência da perfeição e a sua condição principal.
Não se pode construir sem um alicerce. “Se quereis elevar bem alto o edifício da perfeição”, diz Santo Agostinho, “pensai antes de mais nada em cavar bem fundo os alicerces da humildade!”
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